"Medusa com a Cabeça de Perseu" dá novo significado à conhecida história da mitologia grega, segundo idealizador; nas redes sociais, escultura foi criticada por algumas mulheres.
Silvio Carvalhal Tweet
A intrigante estátua de Medusa em homenagem ao movimento MeToo em Nova York
Muitos conhecem a história de Medusa, uma das mais notáveis da mitologia grega: o monstro representado por uma mulher com serpentes em vez de cabelos, presas de bronze e asas de ouro cujo olhar transforma suas vítimas em pedra.
Ela foi morta pelo herói Perseu, que, depois de decapitá-la, usou sua cabeça como arma contra seus oponentes até presenteá-la à deusa Atena, para colocar em seu escudo.
Mas, num revisionismo contemporâneo do mito, uma estátua representando Medusa segurando a cabeça de Perseu decepada foi instalada em Nova York no dia 13 de outubro, em um parque perto do tribunal onde o produtor de cinema americano Harvey Weinstein foi condenado a 23 anos de prisão por estupro e ato sexual criminoso de mulheres, em março deste ano.
"Ela está viva após a batalha com Perseus e isso é significativo", disse:
Garbati à imprensa americana. Tweet
“De acordo com o mito, ela deveria estar morta e decapitada. Essa é a coisa mais importante que você pode dizer sobre esta escultura, mas também que ela defendeu sua vida e estabeleceu um limite”, acrescentou.
O artista diz também ter criado a estátua para lançar luz sobre um aspecto pouco conhecido sobre o mito de Medusa – e que guarda relação com o movimento #MeToo.
Medusa nem sempre foi um temido monstro. Antes disso, era uma bela mulher, que foi estuprada pelo poderoso deus Poseidon no templo da deusa Atena.
“Um homem decidiu que a melhor maneira de representar as vítimas de estupro é uma escultura com um corpo escultural e uma boceta sem pelos”, disse o escritor Kivan Bay.
Falando sobre seus críticos, Garbati disse ao NYT que a estátua tinha adquirido vida própria, fora de sua criação. “Eu diria que estou honrado pelo fato de que a escultura foi escolhida como um símbolo”, disse ele, acrescentando que todo o projeto o ajudou a perceber que ele próprio era um “produto de uma sociedade patriarcal”.
Medusa With The Head of Perseus estará à vista na Center Street, Lower Manhattan, até 30 de abril de 2021, como parte do programa Art in the Parks de NYC.